Está a chegar aquele dia, o dia em que toda a gente parece transformar-se em “nheca”. Moles, descabidos. A moleza leva-os pela demanda do santo Graal: berloques corações felpudos, molduras, caixinhas e bonequinhos… tudo vermelho, tudo mole, tudo “nheca”. E começam os saldos do coração. Lojas e lojinhas cheias de artigos destes, que servem para celebrar o falado dia. Para onde quer que te vires: “Amor”, “Adoro-te”, “I Love you”, “Ti amo”. Bah … merda e “nheca”!
Correcção, não há transformação em “nheca”, há congestionamento de “nheca” nas ruas! A “nheca” já existe só que resolve sair toda à rua! Por todo o lado, casais e casalinhos passeiam de mãos dadas, celebram o “amor”! Bebem cafezinhos, jantares românticos, passeios sensuais… não existe nada além de “nheca”!
Vais jantar com uma amiga, porque calha, não te lembras que a “nheca” anda à solta, e isso já faz de ti lésbica! (Confusão que não me desagrada) Sim, porque nesse dia só saem à rua casais enamorados. É o dia das “nhecas” que passam o resto do ano no sofá a ver filmes românticos, o dia das “nhecas” que esquecem por umas horas que não gostam tanto assim um do outro, que o amor passou a discussão consecutiva, e o bem estar comum a deixa tar ou deixa andar.
E vão aos saldos do coração porque mais vale comprar merda barata a não ter merda alguma.
*nheca: palavra que pode ser usada como substantivo ou adjectivo; subs. Comprador de nheca; adj. Algo mole que serve para simbolizar exacerbadamente o amor.