Tuesday, May 22, 2007

Quero Carne.

Quero carne, carne fresca,

Carne tenra.

Quero carne para trincar,

Quero carne para comer.

Quero carne, carne, Carne!

Carne incolor, sem sabor mas…

Quero carne!

Carne, carne, carne.

Estes instintos canibais

Afiam-me os caninos

Atraiçoam a Pessoa.

Mas… os profundos instintos,

Esses são mais fortes e sedentos

De ambiguidade.

Quero carne, carne, carne…

As algemas soltaram-se,

O mote deu lugar ao poema,

O poema à acção,

A acção ao sangue,

O sangue à satisfação.

Quero a comer-'me' na tua carne.

Quero beber-'me' no teu sangue.

Monday, May 14, 2007

Toca-me.


...toca-me numa sinfonia desafinada,

em ritmos desalinhados e tons desajustados mas...

toca-me!

Sunday, May 13, 2007

Veludo.

Silêncio. O espaço está sossegado, silencioso. Esta ausência de qualquer ruído é agradável, acolhedora. Os raios da lua entram por entre as frechas das cortinas desleixadamente corridas, o chão, forrado a veludo, é banhado por uma espécie de névoa prateada que vai envolvendo os objectos, as paredes, os corpos. Uma espécie de brisa gelada percorre o quarto, o espaço, os corpos desnudos. Essa brisa envolve-os num turbilhão de arrepios e sensações que se concentram à flor da pele. Os objectos deixados pelo chão, o cheiro dos corpos… completam um cenário sensual.

A dança insistente, o íntimo que arde. A fronteira do desejo foi transposta. O desejo controla, o desejo arranca, o desejo possui, os corpos são possuídos. A mão que percorre, que arranha, que rasga. A boca que beija, que lambe e que morde. As amarras invisíveis que prendem os corpos vão-se tornando cada vez mais apertadas, sufocantes. Sufoco agradável, sufoco que contraditoriamente faz suspirar. Suspiro ao ouvido. Arrepio.

O espartilho mental é rasgado pela voluptuosidade do desejo que insiste em possuir o momento. A dança descontrola-se, a dança ganha vida. Sabores e cheiros entornados no chão, o veludo absorve. Instinto. Impulso. Desejo. Prazer. Fome de mais.

| Coin-Operated Girl | Inserir moeda de 500€!

"Moeda de 500€?" Perguntavam alguns ao passar por aquela estranha rapariga. "Mas não existem moedas de 500€!" Pois não, tentando forçá-la inseriram uns míseros cêntimos na estúpida esperança de que isso bastasse.
Ela despertava, um segundo. No segundo seguinte parava, triste porque não tinha o tempo suficiente para perceber o que observara durante aquele segundo anterior. E assim sucessivamente... Cêntimo atrás de cêntimo. Acabou por se avariar.
E então?!
O tempo cura?! Mas como curar um ser inanimado?! Curou-se sozinha mas com medo de se avariar novamente, progamou-se para apenas aceitar moedas de 500€. "Mas não existem moedas de 500€!" Pois não e foi por isso mesmo que se progamou dessa maneira.
"Então nunca se vai ligar!"-Diziam. "Mas alguma vez alguém a ligou realmente? Não! Então do que adianta baixar a fasquia?! Ou mantê-la?! " Pelo menos assim só a tentam ligar se realmente lhe quiserem dar vida, pensou ela! Desta forma não há desgaste, não há "olhar sem ver". Se alguma vez verá realmente? Não sabe.
Mas ela só quer VER e não apenas olhar!